terça-feira, 19 de março de 2013

Crítica: Ondine

A esperança que cresce com o amor




Ondine (EUA e Irlanda, 2009) trabalha com o surreal mote da possível existência de seres aquáticos, com características femininas. O roteiro (escrito pelo próprio diretor, Neil Jordan) do longa-metragem faz uma fusão entre realidade e fantasia, entre o concreto e o imaginário que bate na tela de forma original e marcante. O experiente cineasta explora de forma inequívoca a sensação de conto de fadas que é percebida na maioria de seus fotogramas.

Neil Jordan (também produtor da película) utiliza o talento de contornos dramáticos do bom ator Colin Farrell, da sensualidade de Alicja Bachleda-Curus, no papel que dá título ao filme e de seu alter ego de vários filmes, Stephen Rea, em participação secundária, na pele de um padre de um vilarejo do interior irlandês, para conceber uma metáfora sobre o caminho insinuante que move o coração.

A tradução de Ondine é: Moça que veio da água. A credulidade que gira em torno da lenda conduz a narrativa agradável do filme, realçando o conflito entre a crença e o ceticismo, presente no psicológico de seu elenco.

Lacrimogêneo, romântico, delicado, tocante Ondine de Jordan emociona por meio da bela paixão que une as personagens Farrell e Alicja, e seu mérito maior é conseguir camuflar um pano de fundo comum e corriqueiro com uma trama comovente sobre um amor inocente, carregado de significados de esperança e recomeço.
 
Márcio Malheiros França